Ordem: Falconiformes
Família: Accipitridae
Nome popular: Acauã
Nome em inglês: Laughing falcon
Nome científico: Herpetotheres cachinnans
Distribuição geográfica: América central e do Sul
Habitat: Borda de florestas e cerrado
Hábitos alimentares: Serpentes e morcegos
Reprodução: Período de incubação desconhecido
Longevidade: Em cativeiro aproximadamente 30 anos
O Brasil encontra-se em situação vantajosa perante a biodiversidade de aves que compõem o seu território. As Florestas Atlântica e Amazônica detêm inúmeros ambientes, proporcionando habitat para as mais variadas espécies de aves. Dentre elas estão as aves de rapina, possuidoras das mais incríveis adaptações, inclusive para prática da caça, o que torna as aves deste grupo parte importante da cadeia alimentar dos ambientes onde vivem.
Ao contrário do que se pensa, no Brasil, existem muitas aves de rapina que podem ser noturnos, representados pelas Corujas, Mochos e Caburés, e diurnos, representados pelas Águias, Gaviões e Falcões.
Os falcões são pouco conhecidos, embora representem 18% das espécies de rapinantes que existem no Brasil. São quinze espécies que possuem em especial o hábito de caçar outras aves durante o vôo. Atingem velocidades superiores de até 300Km/h, e por isso possuem uma musculatura no peito diferenciada, capaz de suportar fortes impactos durante as investidas contra as presas no ar. Os falcões podem também se alimentar de insetos, carrapatos e bernes, parasitas de mamíferos de grande porte, silvestres ou de criação, em áreas rurais. Podem oportunamente ser necrófagos (comer animais mortos) e se alimentar de pequenos mamíferos.
Dentre os falcões, um de encantadora beleza e fascinantes hábitos é o Acauã (Herpetotheres cachinnans), cuja dieta inclui serpentes e morcegos. Serpentes são o que mais lhe atraem, principalmente as de cor vermelho intenso, cor de alerta quanto ao veneno, como as cobras-corais (Micrurus corallinus). Podem se alimentar de serpentes de tamanhos variados, tanto arbóreas (vivem nas copas das árvores) como terrestres. Daí seu nome científico Herpetoteres: Herpeto (do latim) = o que rasteja.
Existem três subespécies de Acauã, que ocorrem apenas na América, aparecendo do Sul do México ao Centro da América do Sul. No Brasil ocorre em áreas preservadas, onde há pouca interferência humana. Além das florestas úmidas, habitam também áreas mais secas como o Cerrado e a Caatinga, onde há uma farta oferta de alimento. Este falcão de 47 cm, é uma espécie facilmente reconhecível, possui as penas na cor creme e uma máscara negra que envolve a cabeça e camufla seus olhos, assim como as penas da cauda, visivelmente barradas de branco. O casal em cortejo pode vocalizar constantemente por até 10 minutos ininterruptos, reproduzindo no final do canto o som que lhe dá o nome: “a-cua-ã”. Cantam de preferência no crepúsculo, ao amanhecer e até mesmo durante a noite.
Dentre as inúmeras lendas sobre animais, o Acauã se faz presente, sua vocalização é transcrita por alguns como “Deus-quer-um”: Os índios Tupinambás reconheciam no canto melancólico da ave que eles chamavam de “macauan”, uma mensagem das almas, um aviso benéfico dos antepassados. Eles atentamente escutavam esta ave profética dias inteiros e usavam um ritual para evocá-la.
Já para os Guaranis, o "macaguá" (outro nome dado ao falcão), por se alimentar de serpentes, é considerado santo e encantado, protetor contra picadas. Quando são picados por cobras, os guarani procuram o remédio em uma folha conhecida como "guaco", nome também dado ao falcão no Peru. Mas para as mulheres guaranis, seu canto é anúncio de desgraça iminente.
Assim como os outros rapinantes, quase não há estudos de sua história natural. No entanto, devido aos registros de sua ocorrência nas florestas, podemos dizer que não é uma ave ameaçada de extinção. Porém, como todos os animais dependentes dos recursos alimentares que a floresta preservada oferece, está sob risco de ver seus ambientes naturais em constante processo de destruição pelo homem.